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Por Rafael Soares — Rio de Janeiro

Há uma semana, a Polícia Civil recebeu os primeiros informes de que a maior facção do tráfico do Rio Grande do Norte se preparava para atacar prédios públicos em várias cidades. Um fórum, bases da PM, uma prefeitura, comércios e um banco foram alvejados e veículos foram incendiados. A ordem para os ataques, segundo a Divisão Especializada em Investigação e Combate ao Crime Organizado (Deicor), partiu de integrantes da cúpula da quadrilha presos, em represália a maus-tratos que dizem sofrer em penitenciárias do estado.

Num “salve” (mensagem enviada pela cúpula aos demais integrantes) investigado pela polícia, a facção afirma que as condições dos presídios são degradantes. Os presos reclamam da comida e pedem o retorno das visitas íntimas, suspensas em janeiro de 2017, após o “Massacre de Alcaçuz”, quando 27 detentos foram mortos na maior penitenciária do estado, na cidade de Nísia Floresta.

Vingança entre facções

Na ocasião, integrantes da mais poderosa facção de São Paulo — que disputava com a quadrilha local o controle do tráfico no estado — invadiram um pavilhão do bando rival e promoveram uma matança. A disputa levou à primeira operação da FTIP no Rio Grande do Norte.

O episódio marca uma virada na disputa entre as duas quadrilhas: os criminosos potiguares invadiram vários redutos antes dominados pelos paulistas e expulsaram os inimigos da capital. Com o avanço do grupo local, as mortes violentas chegaram a 2.405 em 2017, um recorde no estado. Atualmente, a facção potiguar — fundada em 2013 por um grupo de presos dissidentes da quadrilha paulista, que dominava os presídios até então — praticamente detém o monopólio do tráfico de drogas na Grande Natal. Os rivais estão no interior.

— A facção se fortaleceu fora das cadeias, conseguiu acesso a mais armas e o número de integrantes aumentou. Já dentro do sistema penitenciário, a situação só piorou do massacre até aqui. Visitas íntimas estão proibidas até hoje, os presos recebem comida apodrecida e não podem nem ter acesso a água sanitária para limpar as celas, que são superlotadas. Virou um barril de pólvora — explica Juliana Melo, antropóloga e professora da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

“Ânsia de vômito”

As péssimas condições dos presídios do Rio Grande do Norte foram atestadas pelo Mecanismo Nacional de Prevenção e Combate à Tortura (MNPCT), órgão federal vinculado ao Ministério dos Direitos Humanos, numa vistoria entre os dias 21 e 25 de novembro do ano passado. A perita Bárbara Coloniese, que participou da inspeção, descreve como desesperadora a situação de Alcaçuz, onde estão os chefes da facção.

— Nunca tinha entrado num presídio com tantas pessoas feridas. Numa cela para uma pessoa, havia 60. Quando fui inspecionar uma das quentinhas oferecida aos presos, não consegui chegar perto, com ânsia de vômito. Não há distribuição de kits de higiene. Algumas celas não são limpas há anos. O cheiro é horroroso — conta Coloniese.

Nesta quarta-feira, parentes de presos fecharam faixas da BR-101, em Natal, em protesto contra o tratamento dado aos detentos. Em entrevista coletiva, a governadora Fátima Bezerra afirmou que as denúncias de maus-tratos serão apuradas

— O nosso governo jamais compactuará com nenhuma medida de arbítrio. Temos feito um esforço grande aqui no sentido de avançar no que diz respeito aos projetos de ressocialização, na área de educação, na área de preparação para o trabalho, que inclusive é referência a nível nacional — declarou a governadora.

A polícia já sabe que a ordem para os ataques foi passada em visitas a presos do pavilhão 5 de Alcaçuz, onde fica a cúpula da facção, nos últimos 15 dias. Oito criminosos em liberdade foram designados como responsáveis por recrutar integrantes, adquirir armas e veículos e coordenar o início das ações. Um deles foi identificado como José Wilson da Silva Filho, morto na madrugada de ontem por policiais civis durante tiroteio em João Pessoa, na Paraíba. Natural do bairro Mãe Luíza, considerado a base da facção em Natal, Wilson trabalhava para a facção à distância, de Campina Grande, no estado vizinho.

— Na semana anterior ao ataques, ele saiu de Campina Grande e se estabeleceu numa casa em João Pessoa, para planejar as ações depois de receber ordens dos chefes — conta o delegado Luciano Augusto, do Deicor.

Segundo Augusto, entre os mandantes estão Jamerson César da Silva, o Jamerson Passarinho, ainda preso em Alcaçuz, e José Kemps Pereira de Araújo, o Alicate, um dos fundadores da facção, transferido a uma penitenciária federal após os ataques.

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